Leis de trânsito abrandadas e a vida em perigo

FABIANA BLASECK SORRILHA – Vidas estão em risco todos os dias nas ruas brasileiras. E, para piorar, pouco se pensa em medidas para a redução das mortes no trânsito.

Para piorar esse cenário, recentemente o governo federal se posicionou pela retirada dos equipamentos que inibem o excesso de velocidade das rodovias: os radares ou as lombadas eletrônicas. E sinaliza querer aumentar de 20 para 50 o limite de pontos permitidos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Entendo que essas são decisões que vão contra as medidas de prevenção aos acidentes de trânsito adotadas de forma ainda muito tímida no Brasil.

De acordo com dados do Denatran, o Brasil possui 60 milhões de condutores de veículos com CNH. Destes, cerca de 15% são infratores contumaz. A população brasileira foi estimada em 208,5 milhões de habitantes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que 70% dos brasileiros serão impactados por medidas que motivam o desrespeito às leis de trânsito e que, consequentemente, virão a contribuir com um maior impacto dos acidentes na vida de todos nós. Crianças, pedestres e usuários do transporte coletivo estão na lista daqueles que poderão sofrer ainda mais com a má conduta dos motoristas.

37 mil mortos: para contextualizar a realidade do trânsito brasileiro, números preliminares divulgados pelo Sistema Datasus apontam que 37 mil pessoas morreram em acidentes em 2017 e outras centenas de milhares sofreram lesões permanentes. Nos hospitais, 60% dos leitos do SUS são ocupados por feridos pela violência no trânsito. O custo anual das mortes e tratamento dessas vítimas supera a casa dos R$ 50 bilhões.

Trata-se de uma realidade cruel e que reflete em diversos setores da sociedade, sem distinção de classe social ou faixa etária, diminuindo a capacidade de investimento e reduzindo drasticamente a qualidade do serviço médico prestado à população.

Ao propor a retirada das rodovias os medidores de velocidade o governo federal firma um pacto com a irresponsabilidade dos condutores que dirigem em alta velocidade. Sabe-se que nas estradas federais brasileiras a infração de trânsito mais praticada é justamente o excesso de velocidade. Sabe-se também que quanto maior a velocidade, mais grave o acidente, ainda que haja outros fatores que causem acidentes de trânsito. Com essa medida, o governo federal deixa de lado anos de trabalho para a redução de acidentes e compactua que há uma “indústria de multas” no país. Mas se há matéria-prima para essa indústria, como parar a produção?

Pergunto: se apenas 15% dos mais de 60 milhões de habilitados é recorrente nas infrações de trânsito, como é possível afirmar que não é possível viajar pelas estradas brasileiras sem levar uma multa?

Qual a solução? Ao invés de abrandar as leis de trânsito e os meios para punir os infratores, que tal investir na educação para o trânsito dentro das escolas, formando cidadãos conscientes sobre segurança e respeito desde a mais tenra idade. E que tal tornar a formação do condutor mais eficiente e preparada para a convivência nas ruas e rodovias.

Crédito da foto: Polícia Rodoviária Federal

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