
SANDRA NASCIMENTO – Em abril, quando se comemora o Dia Internacional da Terra (22), é interessante recordar – e, para quem não o conhece, apresentar – o jornalista, professor e escritor americano Ernest Willian Callenbach (1929 – 2012), criador dos Dez Mandamentos da Terra.
Pelo seu envolvimento com a ecologia, Ernest é conhecido como autor dos chamados “livros verdes”. Por sua ideologia e imaginação, é considerado por muitos, como um escritor de estilo fantasioso. Seus livros, no entanto, trazem ideias de sustentabilidade.

Visionário ou sonhador, elogiado e criticado, provocativo e polêmico, o ambientalista acabou se tornando famoso pelo romance Ecotopia (Banyan Tree Books, 1975). Traduzido posteriormente para 12 idiomas, incluindo o chinês, o livro tornou-se um best-seller com mais de um milhão de cópias vendidas.
Outras obras são: Vivendo Pobres Com Estilo (New York: Bantam, 1972), Ecotopia Emergente (Banyan Tree Books, 1981), A Enciclopédia Ecotopiana dos anos 80: Um Guia de Sobrevivência para a Era da Inflação (Berkeley: And / Or Press, 1981) e Ecologia: um guia de bolso (U. da Califórnia Press, 1998; rev. Ed. 2008), entre tantas.
Ecotopia conta a história de um jornalista que visita uma região formada por estados que se separaram dos Estados Unidos devido a uma economia vacilante e, já há 20 anos, era governada por ecologistas. Lá, ele descobre um ambiente sem contaminação: os plásticos são biodegradáveis, o aproveitamento agrícola, florestal e industrial é totalmente sustentável e o principal meio de transporte é um trem veloz que se comunica com todo o país, dispensando outros meios de transporte.
A sociedade descrita no livro foi classificada como uma das primeiras utopias ecológicas, pela crítica da época, mas acabou por influenciar a Contracultura (1) e o Movimento Verde (2) que ocorreram na década de 70 e nos anos seguintes.

“Não te reterás acima de outros seres vivos nem os levará à extinção”
Os Dez Mandamentos da Terra, relacionados a seguir, escritos em 1990, traduzem a preocupação do autor com o planeta e sugerem reflexões que podem ajudar na sua preservação.
- Amarás e honrarás a Terra porque ela abençoará tua vida e governará tua sobrevivência.
- Deves manter cada dia sagrado para a Terra e celebrar a virada de suas estações.
- Não te reterás acima de outros seres vivos nem os levará à extinção.
- Darás graças pela tua comida às criaturas e plantas que te nutrem.
- Educarás a tua descendência para que não seja um fardo para a Terra.
- Não matarás nem desperdiçarás riquezas da Terra com armas de guerra.
- Não obterás lucro à custa da Terra e te empenharás em esforços para restaurar a sua majestade danificada.
- Não esconderás de ti ou dos outros as consequências de tuas ações sobre a Terra.
- Não roubarás as gerações futuras empobrecendo ou envenenando a Terra.
- Deverás consumir bens materiais com moderação para que todos possam compartilhar a generosidade da Terra.

Notas
(1) Movimento que surgiu nos Estados Unidos na década de 1960, a Contracultura organizava contestações de caráter social e cultural. Nasceu e ganhou força, principalmente entre os jovens dos anos 60 e foi seguindo pelos anos posteriores até os dias atuais.
(2) O Movimento Verde começou entre as décadas de 60 e 70 em vários lugares do mundo (França, Suécia, Estados Unidos e outros), com o intuito de denunciar acontecimentos que contribuíam para a degradação do planeta. Seu auge culminou numa ação concreta, quando em 15 de dezembro 1972, a ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu criar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), durante assembleia geral.
Referências
Sua pesquisa.com, BBC News Brasil, Ernest.C.com/Earth, Wikipédia, Terra, Toda Matéria/ Contracultura, The New York Times, Acervo Cultura Ipsilon/ Portugal: acervo.publico.pt/culturaipsilon/noticia/500-anos-depois-o-sentido-de-utopia-nao-se-perdeu-1718282
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