O bom pastor: estamos sempre em boas mãos

NILSON RIBEIRO – Segunda de manhã. Sol e tempo agradável. Depois de uma boa chuva, o verde da relva está mais viçoso… Eu e meu filho Arthur, de seis anos, fazíamos nossa vigília matinal pelo pasto, dando bons dias às vacas e cavalos, passarinhos e borboletas. Nosso ritual matinal de estar presente na vida. Súbito, em meio ao pasto, surge uma galinha com sua ninhada de onze pintinhos… Certamente nascidos durante a noite, de tão pequenos.

Corremos chamar o Dito, o amigo que cuida das vaquinhas e das aves aqui no sítio. Dito tem as mãos grossas e rígidas de um roceiro. E tem também a alma delicada, gentil e sutil de um roceiro. Pastoreou pacientemente a galinha e a filhotada toda até um cercadinho coberto, longe do faro dos gaviões, das raposas, gatos e cães da redondeza. Para isso, se serviu de um galho bem fino de árvore, com o qual aplicava umas batidinhas leves no dorso da galinha, para dirigi-la ao cercado. E dava palavras de ordem, ditas com firmeza: ”vamos, vamos, vamos…”!

A galinha, como era de se esperar, revoltou-se contra a ação do gentil pastor. Não sabia ela que estava sendo guiada, protegida. Certamente se via atacada por aquele ser com um galho a lhe cutucar as penas e gritar sem parar. Tentando proteger-se, e proteger os filhotes, bicava o galho, a perna do pastor, tentava escapar pelos lados… E lá vinha outro cutucão!

A galinha, como era de se esperar, revoltou-se contra a ação do gentil pastor. Não sabia ela que estava sendo guiada, protegida.

Mesmo com toda gentileza e paciência do Dito, não foi fácil convencer a mamãe a entrar no cercado para receber comida, água e a devida proteção que devem proporcionar uma melhor chance de sobrevivência aos pintinhos. Mas Dito acabou conduzindo toda a prole para lugar seguro.

Depois de assistir, ao lado de meu filho, todo o trabalho de Dito, perguntei ao amigo por que ele simplesmente não pegou a galinha com as mãos e levou ao cercado. “Os pintinhos seguem a galinha, não a mim. E alguns poderiam se perder no caminho sem a orientação da mãe”. Sabedoria pura. Um aprendizado para mim e para o meu filhote, que a mim me segue como os pintinhos à mãe…

Um anjo passou e eu entendi. Lembrei-me de quantas ações mal-entendidas e mal-interpretadas nos deixam revoltados ao longo do tempo. Muitas vezes pensamos estar sendo punidos (ou atacados) por Deus, pela Existência, pelos Anjos (pais, amigos, irmãos) que nos conduzem nessa vida. Frustrações, alguns cutucões nas penas, palavras mais duras às vezes. Agimos como a galinha, nos revoltando, tentando fugir, escapar, dando bicadas para todo lado…. Mas, enquanto isso, Deus, com a mesma paciência e gentileza que tem o meu amigo Dito, nos conduz para um melhor lugar. Sempre.

 Bom dia, Vida!

nilribeiro63@hotmail.com

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