Rio Sorocaba – Aspectos de uma videografia

SANDRA NASCIMENTO – Castigado pelos despejos de esgotos domésticos e de resíduos químicos, o Sorocaba já foi considerado um dos rios mais poluídos do interior do Estado de São Paulo, chegando a ser tido como irrecuperável nos anos de 1970 e 80 – uma situação depreciativa para Sorocaba, município de 670 mil habitantes, localizado a 84 km de São Paulo, capital do Estado e cidade destacada como a oitava cidade mais populosa do planeta.

O objetivo de nossa equipe ao produzir um segundo videodocumentário sobre o rio Sorocaba é mostrar que ainda existem possibilidades de reverter a degradação do meio ambiente, quando esforços e novas tecnologias aliam-se para desfazer hábitos predatórios e construir atitudes de respeito e preservação.

Todo o argumento que será usado como base na produção do documentário está registrado no Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional. O texto compreende 18.398 caracteres dispostos em 9 páginas e seu registro é importante para que o projeto possa ser habilitado nas leis estaduais e federais de incentivo à cultura.

O roteiro deverá apresentar, às comunidades da região e a pessoas de outras localidades, os resultados dos projetos de despoluição que vêm sendo realizados nas cidades banhadas pelo rio, uma vez que histórias como essa são raras, tendo-se em conta que a maioria dos rios do mundo ainda se encontram totalmente poluídos.

“O significado das coisas não está nas coisas em si, mas sim em nossa atitude com relação a elas.”
Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), escritor, ilustrador e piloto francês

Pretendemos, com isso, encadear uma sequência de fatos que destaque a importância do rio na vida de sua comunidade: resgatando a história dos índios que viviam na região e sua relação com o rio; contando sobre a época em que aventureiros e caçadores de índios navegavam em suas águas com o propósito de fundar cidades ou atacar missões jesuíticas; passando pela antiga ponte do rio Sorocaba (atual Francisco Dell’Osso), onde a coroa portuguesa tributava as tropas de muares trazidas pelos tropeiros.

Queremos mostrar também a descida do planalto de Ibiúna à planície de Sorocaba, onde, no início do século 20, foram construídas as primeiras barragens para a geração de energia e instalação de indústrias. Observar historicamente a modernização causada pela iluminação pública e implantação de linhas de bonde que cortavam distâncias. Apresentar as competições de natação entre os anos de 1940 e 60, a pesca, o lazer e os costumes – como a presença das mulheres que por muito tempo lavaram roupas na beira do rio.

Bondinho sobre a ponte do rio Sorocaba, cujo destino era Votorantim
As lavadeiras, personagens do rio Sorocaba na primeira metade do século 20

Para as décadas de 1970 e 80, tempo em que a poluição atingiu o seu ponto crítico, pretendemos evidenciar o desenvolvimento industrial e a consequente degradação: a água imprópria para o consumo, pescadores à procura de outros rios, descaso com a mata ciliar, despreocupação com as nascentes, envenenamento do meio ambiente, mortandade de peixes e o desaparecimento da flora e da fauna.

Aspectos das comunidades ribeirinhas serão evidenciados em todo esse tempo histórico até o momento presente.

Já o presente será videografado em todas as cidades ao longo do percurso. Destacaremos os aspectos de cada lugar, suas peculiaridades e seu modo de se relacionar com o rio.

Com informações geográficas e filmagens, contextualizaremos o seu espaço, registrando imagens da correnteza, dos rios que formam o leito e das bacias hidrográficas que recebem suas águas.

Deveremos, agora, apresentar um documentário com imagens mais nítidas. Nosso último trabalho sobre o rio, realizado entre 2003 e 2004, foi filmado em DV (Digital Video). Naquele momento, o sistema gravava as imagens na medida de 720 x 480 pixels. Agora poderemos trabalhar com as câmeras 4k que aumentaram em muito a definição, com 3.840 x 2.160 pixels. Isso significa mais detalhes e mais nuances de cores. E, ainda usaremos o drone para imagens aéreas que, além de chegar a lugares que antes nem poderíamos imaginar, costuma compor cenas em ângulos bem diferenciados.

Com essa tecnologia mais acessível, não será difícil buscar paisagens inebriantes de passeios pelo curso; cenas das águas se misturando ao Tietê ou seguindo para o extenso rio Paraná; chegando em Itaipu (na fronteira com o Paraguai); continuando o trajeto para o Rio da Prata (na Argentina); e, finalmente, alcançando o Oceano Atlântico.

O argumento para o documentário está registrado na Biblioteca Nacional

Foto principal: José Finessi
Fotos antigas: Acervo Monsenhor Jamil

Um comentário em “Rio Sorocaba – Aspectos de uma videografia

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  1. Que bacana à história das pessoas que lavavão roupas no rio tenho um amigo que tem 73, anos mora na vila Hortência e a mãe dele lavava à roupas no rio sorocaba ele me conta como éra o rio antigamente

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