
NILSON RIBEIRO – Aconteceu há algum tempo. Mas a lição é para sempre.
Mônica, minha companheira, levou minha filha Maria Luísa para a escola logo cedinho e foi trabalhar. Pouco tempo depois me dei conta que Maria Luísa esquecera em casa as polpas de limão que deveria levar para a aula de culinária. As tais polpas de limão que eu havia procurado em cinco supermercados até encontrá-las. Só podiam ser de limão, e eram as únicas em falta nas geladeiras
Encontrei as polpas quando abri a geladeira para esquentar um leite para meu café matinal.
Justificadamente emburrado, peguei a sacolinha com as tais polpas congeladas, me meti num capacete e saí no frio da manhã para levar, de moto, a “encomenda”. No caminho, enquanto pilotava a moto pelas ruas, fui pensando na reprimenda que iria passar na Maria Luísa… Como pode ser tão esquecida! E depois, me dar esse trabalhão logo cedo, esse vento frio nas ventas, com tanta coisa que tenho pra fazer em casa, meus trabalhos!
Meia hora de moto e vento frio, e enfim cheguei na escola. Na porta da sala de aula, com capacete numa mão e sacolinha de polpa na outra, minha filha me viu. Abriu aquele sorriso de contentamento ao me ver (ou ao ver a tal sacolinha). E então não havia mais nada a dizer.
Quer saber? Me senti o super-homem. Mais que isso… Me senti Deus… Mais que isso… Me senti um bom pai. Ela me beijou a face sussurrou no meu ouvido “eu te amo, papai. Eu sabia que você viria”.
Voltei devagar pra casa…
A manhã tinha ainda um vento frio. Mas no meu coração brilhava um sol cálido, aquecendo minha alma de ternura e felicidade.
Refleti: “Obrigado, senhor, por inventar as polpas de limão, os esquecimentos, as manhãs frias, as motos, e principalmente o sorriso dos filhos”.
Bom dia, Vida!
Nilson Ribeiro é Psicanalista
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