
RUBENS NOGUEIRA – Ah! Como é bom ler. Este burro velho, eterno aprendiz, tem a alma lavada diante do texto de Monica de Bolle (Revista Época, 12-11-18) (*). Ela cita Fernando Pessoa: “Da distância imprecisa, e, com sensíveis/ movimentos da esperança e da vontade,/ Buscar na linha fria do horizonte/ A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte (…).” Como será que ela fez? Terá à sua frente o livro, sabe onde está a referência? Ou é sua mente que guarda tudo e para passar para o papel basta o gesto? E começa o trabalho: “Qual a menor distância entre dois pontos? Dizem que é uma linha reta, mas eu acho que é a memória, unida à esperança e à vontade”.
Já eu considero que uma ponte pode ser a menor distância entre dois pontos, principalmente se o caminho começar no Além-Ponte, onde nossa personagem embarcava para seguir da rua Nogueira Padilha, onde morava, até a avenida Eugênio Salerno, para estudar no Colégio Estadual.
Sorocaba, naqueles anos sessenta do século passado era muitas vezes menor do que a metrópole de agora. O centro era a praça da Catedral, com seus clubes sociais, o bar Sorocaba, o Salão, com mesas de bilhar ao lado da Livraria São Luiz, a Sorveteria Polo Sul e, principalmente o Gabinete de Leitura Sorocabano frequentado pela elite intelectual da terra de Baltazar Fernandes. Todo mundo conhecia todo mundo. Nós, estudantes, criamos o Grêmio Estudantil Varnhagen, título em homenagem ao grande sorocabano Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro.
Realizamos um concurso para escolher a rainha dos Estudantes. E aí a razão deste artigo. A jovem eleita foi uma estudante muito bonita. Tinha nome e porte de rainha. Foi com saudade e sentida tristeza que soube do seu falecimento no final de outubro.
Paz eterna para a doutora Isabel Cano Rodrigues.
(*) Leia o artigo Distância Imprecisa de Monica de Bolle.
Nota
O título foi inspirado no artigo do mestre Edgard Steffen: Das pontes e pinguelas – jornal Cruzeiro do Sul, 27-10-18.
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