
SANDRA NASCIMENTO – A propósito das várias ideias e questionamentos que o mês de junho trouxe para o ambiente humano no planeta, vamos finalizando esse período – que celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente em 5/6 – com uma pequena mensagem. Trata-se de um poema que nasceu a partir da lembrança de um sonho e acabou se tornando em um momento de reflexão, que agora compartilho.
Terra: Carrossel de Ausentes
Ontem, enquanto eu dormia
os anjos vieram e varreram a minha rua
Juntaram dores, culpas, desgostos e o abandono
Eu não sabia que anjos limpavam ruas,
mas quando um zunido me acordou
olhei pela janela e vi aquelas criaturinhas
depositando sentimentos em sacos vermelhos,
amarelos, azuis.
E como estava suja a pobre rua!
Por certo, reciclam energias nos universos paralelos – pensei
Então,
começou a amanhecer e os anjos foram desaparecendo
Fluíram no espaço
Levaram pacotes de angústias…
Deixaram um jeito de silêncio,
a leveza da brisa,
um aroma de paz
Depois o sol iluminou o dia e deu comando aos carros,
ao comércio, ao barulho e a tanta gente
A gente que não acredita em anjos
tampouco em culpas, se elas existem
A gente que passa apressada e sequer imagina
boas energias envolvendo o ar de uma rua,
igual a tantas ruas
Caminhos de vilas, favelas, cidades,
desertos e histórias
Substâncias… Células…
Natureza que não cessa e segue
alimentando rios, oceanos, florestas…
Sim, há águas nascentes deslizando a Terra,
ainda!
Terra banhada que esparrama mar, germina a vida
e desenha quintais.

Terra: Carrossel de Ausentes, poema publicado na antologia bilíngue italiano-português Madre Terra (Associazione Culturale Internacionale Mandala, 2016), p 207 e 446.
Com Associazione Culturale Internacionale Mandala e Mulheres pela Paz
Fotos: Cachoeira dos Guimarães por José Finessi; Margem Direita do Rio por José Carlos Fineis
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