Papo sério à mesa: fome versus obesidade, política alimentar, agriculturas familiar e ecológica e a comida engajada do Slow Food

MARCO MERGUIZZO – O novo relatório da ONU sobre o estado da segurança alimentar e nutrição no mundo (SOFI), resultado da colaboração entre a FAO (agência da própria ONU para a Alimentação e a Agricultura), a FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), foi divulgado nesta segunda, 15/7, em Nova York, e as notícias não são nada boas.

Em contraponto à epidemia mundial de obesidade de crianças e adultos, sobretudo nos países de primeiro mundo, um dos estudos apresentados que mais chamou a atenção de governos, agentes sociais e entidades internacionais de direitos humanos foi a curva de crescimento do número de crianças vítimas da fome e da subnutrição, após décadas de declínio desses índices.

Segundo o relatório recém-divulgado, a tendência desses dois flagelos voltou a aumentar em várias partes do mundo no período dos últimos quatro anos. Os números são alarmantes: hoje, cerca de 820 milhões de pessoas em todo o planeta se encontram nos estágios famélico e de subnutrição e outros 2 bilhões de pessoas, incluindo 8% da população norte-americana e europeia, não têm ainda acesso regular a alimentos suficientes, nutricionalmente seguros e de origem “limpa”.

Por trás do problema infame da fome, está, entre as causas estruturais, de acordo com o estudo da ONU, os sistemas políticos e econômicos vigentes que favorecem fortemente a concentração de renda e de riquezas, sem contar a crise econômica dos últimos anos, em vários países subdesenvolvidos, agravada em alguns deles por guerras civis e mudanças climáticas. De acordo com a FAO, a fome no Brasil atinge pelo menos 5,2 milhões de brasileiros, vítimas da desnutrição e da insegurança alimentar. 

Portanto, uma situação preocupante que nos afeta diretamente, fazendo-nos ligar o sinal de alerta para uma reflexão sobre questões cruciais e que estão na pauta do dia, como a mudança de hábitos alimentares, o consumo consciente, políticas governamentais no uso indiscriminado de agrotóxicos, produção agroecológica e familiar, temas que abordei no post Fruta roubada no pé, agriculturas familiar e orgânica e outras caipirices.

Para enriquecer ainda mais o debate, também sugiro a leitura do artigo Mata mato e mata gente, do jornalista e escritor Geraldo Bonadio, publicado dias atrás aqui, neste Coletivo, sobre a preocupante política do atual governo sobre a liberação de agrotóxicos (para lê-los, basta clicar duas vezes em cima dos títulos acima).

Para o italiano Carlo Petrini, presidente internacional do Slow Food e Embaixador Especial da FAO para o Programa Fome Zero, o relatório da ONU revela um agravamento da situação, consolidando-se como uma tendência. “Parece incrível que, em 2019, o homo sapiens ainda tenha que combater a fome. E é ainda mais incrível ver que estamos perdendo essa luta”, indignou-se.

Carlo Petrini, do Slow Food: defesa de políticas alimentares inclusivas e da agricultura ecológica socialmente justa para combater a fome

“O Slow Food está envolvido nesta luta há muitos anos: o quadro que temos hoje exige um maior esforço, com força e urgência. O relatório desmistifica a tese de que o problema tem a ver com a quantidade insuficiente de alimentos disponíveis no mundo, como afirmam as multinacionais da agroindústria, mas com a disponibilidade para as pessoas em condições econômicas e sociais desfavorecidas. É uma questão de direitos negados – e não de aumento da produção. Para combater a pobreza, as desigualdades e a marginalização é preciso adotar políticas corajosas dos governos do mundo inteiro. Políticas que adotem e promovam um modelo agroecológico, inclusivo e socialmente justo de produção de alimentos”, destacou.

HORTAS NA ÁFRICA NO COMBATE À SUBNUTRIÇÃO
Foto: Slow Food (Divulgação)

Em relação à África, continente historicamente mais afetado pela fome, Edie Mukiibi, agrônomo ugandense e membro do Comitê Executivo Internacional do Slow Food, falou sobre a experiência africana: “As 3.207 hortas agroecológicas criadas pelo Slow Food em 35 países do continente africano, tornaram-se uma pequena mas significativa contribuição para os problemas de subnutrição e desnutrição, ao validar um modelo positivo de participação e organização comunitária a partir da base.”

Além disso, de acordo com Mukiibi, é um modelo facilmente replicável. “Com nossas próprias forças (que são poucas se comparadas às das instituições e dos governos), conseguimos criar mais de 3.000 hortas. E cada um delas contribui, em muitos casos, para evitar que essas pessoas acabem aumentando os números, já dramáticos, que a ONU publicou hoje”, ressaltou.

Por meio do projeto Slow Food das Hortas foram criadas em escolas e comunidades, em todo o continente africano, um total de 3.207 unidades ativas. As hortas promovem a inclusão de 305.000 alunos e mais de 40.000 adultos (neste caso, as mulheres representam 72%).

“As hortas Slow Food não são apenas fontes adicionais de alimentos para as comunidades, mas também ferramentas educacionais e culturais para todos aqueles que participam. Aumentam a quantidade e a variedade de alimentos frescos disponíveis para autoconsumo, reduzindo a dependência do mercado para sementes e suplementos nutricionais”, explicou Edie Mukiibi.

Fotos: banco de imagens e Marco Merguizzo

De acordo com o agrônomo do Slow Food em Uganda, a redescoberta de espécies de plantas locais e a reintrodução de seu cultivo – que melhor se adapta ao ecossistema local – também pode ser fundamental para garantir a resiliência das comunidades frente aos efeitos negativos da mudança climática. “Um sistema alimentar baseado numa grande variedade de plantas cultivadas é mais forte, não só por permitir enfrentar os problemas de sazonalidade, mas também por garantir uma alimentação e um o contexto ambiental mais saudável e diversificado, onde a horta é cultivada e é fonte permanente, saudável e mais econômica de produção do próprio alimento”, destacou.

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL CONTRA A FOME E A GANÂNCIA

A chamada agricultura sustentável, idealizada e tão aclamada em diversos grupos de discussão pelo país afora, seria um tipo de agricultura que pudesse conservar os recursos naturais e fornecer produtos saudáveis (ou mais saudáveis), sem comprometer os níveis tecnológicos já alcançados de segurança alimentar dos indivíduos. 

Mas a necessidade do alimento à mesa faz do homem, proliferar, contaminar e expandir a visão capitalista, quando muitas vezes, não pensa nas consequências ao meio ambiente. Com o manejo de novas tecnologias na agricultura, a inovação trouxe ao agricultor modelos de agricultura sustentável orgânica. O cultivo de alimentos orgânicos ainda encontra alguns entraves como a falta de políticas públicas, financiamento segmentado, manuseio e transporte dos alimentos até o consumidor, como a falta de assistência especializada no Estado. 

Outros fatores como o aproveitamento de recursos naturais renováveis, a reciclagem de lixo orgânico e de resíduos, a adubação orgânica e humidificação do solo, a adubação mineral pouco solúvel, o uso de defensivos naturais, a permanente cobertura do solo e adubação verde, também são cruciais para preservar a colheita de modo sustentável e mais natural possível. 

No Brasil, existem várias experiências com cultivo orgânico, como o algodoeiro no semiárido cearense, o feijão no Paraná, as hortaliças no Distrito Federal e no Rio de Janeiro e o café no sul de Minas Gerais. No Maciço de Baturité, no sertão cearense, por exemplo, a agricultura orgânica garante a proteção das futuras gerações da contaminação causada pela intensa utilização de produtos químicos na produção de alimentos, que afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas. 

O Paraná se destaca no mapa agrícola sustentável. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA), é o estado com o maior número de propriedades rurais orgânicas em todo o país, com mais 2.000 unidades certificadas. Com o cultivo orgânico em pequenas propriedades rurais, o consumo já chega a mais de 40% dos alimentos.

SLOW FOOD: UM ESTILO DE COMER E DE SABOREAR A VIDA

Que tal curtir o preparo de um prato no seu devido tempo, tendo todo o apuro na escolha dos ingredientes? Poder sentir seus aromas, saboreá-lo sem pressa, garfada a garfada, como se fazia antigamente, fazendo uma espécie de viagem às nossas raízes culinárias e a alguns hábitos sadios – e portanto sábios – reverenciados por nossos avós em torno da mesa? Ainda melhor: saber a origem de cada produto utilizado na receita, sobre o local de onde vieram, por quem e em que condições foram produzidos. 

Esse desejo de um modo de comer e bem viver voltou uma vez mais à minha mente depois de ler o relatório da ONU e lembrar de uma entrevista, que li meses atrás, de uma médica especializada em Nutrição concedida a um portal de notícias português. A expert alertava sobre os efeitos perversos da alimentação ultraprocessada sobre a saúde humana tão presente em nosso cotidiano e, no final, fazia um prognóstico nada animador, caso tais desvios alimentares se perpetuem no dia a dia das futuras gerações. 

“É obrigatório que mudemos nossos hábitos porque a alimentação dos países ocidentais nos últimos 50, 60 anos é o que está na origem da maioria das doenças endócrinas, metabólicas, autoimunes, degenerativas e alérgicas. As novas epidemias devem-se sobretudo aos estilos de vida e à alimentação que fazemos desde o pós-guerra”, denunciou a pesquisadora em tom de advertência. 

“As novas gerações terão uma expectativa de vida menor do que a nossa por causa dos estilos de vida e da alimentação. Primeiro, os produtos altamente processados pela indústria alimentar conduzem a uma desnutrição em nutrientes fundamentais, pois ingerimos uma grande quantidade de calorias vazias. Os produtos que chegam ao prato foram feitos para vender – e não para comer”, sintetizou, para, no final, afirmar: “O organismo humano não sabe lidar com esses ingredientes, não os reconhece como alimentos. Além disso, há uma sobrecarga tóxica proveniente dos pesticidas usados na agricultura de escala, mais os conservantes, corantes e adoçantes adicionados para preservar os produtos durante mais tempo e para os manter atraentes ao paladar e bonitinhos aos olhos.” 

NA CONTRA-MÃO DA GLOBALIZAÇÃO E DA COMIDA A JATO

Mas, no universo da gastronomia, há felizmente, e não é de hoje, algumas correntes culinárias que postulam “sair da caixinha”, contrapondo-se ao uso de alimentos industrializados e dos ingredientes produzidos pela poderosa cadeia do agrobusiness mundial. Precursor de primeira hora dessa consciência e pioneiro na virada de mesa, o Slow Food é um movimento sociocultural que surgiu na Itália em meados dos anos 1980 como contraponto ao fast-food e aos chamados alimentos de “consumo a jato” devorados por milhões pessoas em todo o mundo. 

Tentativa de resgatar a prática saudável de se comer e beber em paz e, melhor, sem a urgência de correr para um compromisso – o Slow Food nasceu na contramão da globalização. Hoje, seus representantes, incansáveis ativistas que zelam pela preservação dos ingredientes em sua origem, estão presentes em mais de 150 países. Um exército de influenciadores de garfo-faca-e-copo que defende com boa dose de paixão e informação uma necessária volta às raízes e à simplicidade culinária, resgatando a essência do paladar e a convivência fraterna em torno da mesa. 

Para os seus dezenas de milhares de seguidores hoje espalhados pelo mundo, o ato de curtir o alimento e confraternizar com outras pessoas, de conversar, de sentir os aromas, o gosto e as sutilezas da comida apresenta um valor incomensurável, superlativo. “Além de defender o direito ao prazer da alimentação, o Slow Food busca valorizar produtos artesanais de qualidade, que são cultivados de forma que se respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis por sua produção e preservação”, destaca Marcelo de Podestá, representante da rede brasileira do Slow Food.

“A forma como nos alimentamos, tem profunda influência nas coisas que nos rodeiam: na paisagem, na biodiversidade da terra, em suas tradições e na própria sobrevivência humana. Hoje, para o consumidor consciente, é impossível ignorar as fortes relações entre o que se come e a sustentabilidade do planeta”, observa. 

“É INÚTIL FORÇAR OS RITMOS DA VIDA. A ARTE DE VIVER CONSISTE EM APRENDER A DAR O DEVIDO TEMPO ÀS COISAS.”  (CARLO PETRINI)  

QUANDO COMER É UM ATO POLÍTICO
Piazza di Spagna, Roma: contra a pasteurização do alimento, o Slow Food nasceu aqui, diante do primeiro Mc Donald’s do país da Bota

Não por acaso, desde os seus inícios, o movimento do Slow Food marcou posição contra a tendência de pasteurização da comida e padronização do alimento em todo o planeta, enaltecendo a necessidade de os consumidores estarem bem informados. Corria o ano de 1986. Donos de restaurantes, chefes de cozinha, intelectuais, políticos e cidadãos comuns saíram às ruas de Roma para pedir o fechamento do primeiro Mc Donald’s instalado na capital italiana – e naquele país. 

O grupo, que protestava contra a rede americana, símbolo mundial do junkie food e do chamado american way of life, afirmava que ela era uma afronta inadmissível à boa mesa italiana e às tradições culinárias europeias. Pior: que descaracterizava o centro histórico romano. Não sem razão, a lanchonete se instalara estrategicamente no térreo do belo Palazzo Mignanello, no coração da Piazza di Spagna, um dos mais famosos cartões-postais da capital italiana, a Cidade Eterna. 

Lendas e exageros compreensíveis à parte, conta-se que o costureiro Valentino, que tinha o seu ateliê funcionando no primeiro andar do Mignanello, precisou ser socorrido por um médico quando sentiu o cheiro de batata frita invadir seu então inexpugnável estúdio e impregnar a coleção de modelitos cotada a peso de ouro. 

Além de processar a rede de sanduíches, o hoje aposentado gênio dos croquis e tesouras ainda dobrou a empresa americana, conseguindo a instalação de potentes filtros. Pode parecer pouco, mas o costureiro favorito de Sofia Loren e Jacqueline Kennedy seria o primeiro a dobrar a espinha do gigante do fast-food.

Meses depois, no entanto, ainda insatisfeito com o desfecho da pugna, Valentino partiria em definitivo dali, mudando-se para um outro endereço na região central da capital romana. A lanchonete, no entanto, mesmo sem o peso de outrora, permanece de pé, até hoje, no mesmo ponto, com sua indefectível logomarca. 

DIREITO AO PRAZER E À ALIMENTAÇÃO SEGURA E SUSTENTÁVEL

Desde então, o Slow Food cresceria como fermento até se transformar em uma organização internacional que ele é hoje. Na região do Piemonte, Norte italiano, um grupo de apaixonados barolistas – os apreciadores do excepcional vinho piemontês -, liderado pelo jornalista Carlo Petrini, até hoje o principal representante do movimento no mundo, faria coro à indignação dos manifestantes da piazza di Spagna, ecoando seus conceitos naquela região. 

Com grande dose de humor e ironia, o grupo denominava o comportamento fast-food de mordi e fuggi, ou, em bom português, “morde e foge” ou “come e corre”. Pouco a pouco, a bandeira defendida por Petrini passaria a ser hasteada por toda a Itália e a seguir na França, trincheiras estrategicamente cruciais sob o ponto de vista gastronômico. Espraiar-se para outros países do Velho Continente e demais continentes foi uma questão de tempo. 

“O homem deve recuperar sua sabedoria e libertar-se da velocidade, que pode reduzi-lo a uma espécie em vias de extinção”, afirmava à época Petrini de forma apocalíptica. “É inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas. O Slow Food defende, e defenderá sempre, o direito ao prazer”, repete ele até hoje, como um mantra, sobre as bases e o objetivo supremo desse grupo de inspiração epicurista. 

Prestes a completar em 2019 três décadas de bons serviços à boa mesa, ao consumo engajado e consciente e ao meio ambiente, o movimento reúne atualmente mais de 120 mil membros que promove o alimento bom, limpo e justo para todos: bom por ser saudável além de prazeroso do ponto de vista organoléptico; limpo por ser amigo do meio ambiente e do bem-estar animal; justo por respeitar o trabalho de quem produz, processa e distribui.  

Além de sua sede ancorada na terra natal de Petrini, a cidade piemontesa de Bra, conhecida por seus vinhos opulentos, queijos e tentadoras trufas brancas, há escritórios do Slow Food em várias partes da Itália, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, além de apoiadores em 150 países, incluindo o Brasil.  

MUITO ALÉM DO PRATO E DA BOA MESA
Arroz vermelho: preciosidade cultivada em Pirenópolis, em Goiás

Há um bom tempo, porém, o comportamento veloz à mesa e os desvios alimentares urbanos deixaram de ser os principais alvos do Slow Food. O movimento já publicou manifestos que vão da condenação dos alimentos transgênicos à defesa do leite cru. Hoje, uma de suas principais bandeiras é justamente a defesa das diferentes culturas alimentares, a preservação do patrimônio enogastronômico dos países, a proteção e a revalorização das cozinhas regionais e de suas receitas tradicionais.  

Mais: o movimento defende em todo o mundo a biodiversidade alimentar e busca documentar produtos gastronômicos especiais, que estão em risco de desaparecer. Para tanto, Petrini e seus pares criaram em 1996, a Arca do Gosto – um catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas com potenciais produtivos e comerciais. 

Através de projetos como a Arca do Gosto, as Fortalezas e as Hortas na África, e graças à mobilização da rede do Terra Madre, o Slow Food defende o patrimônio agroalimentar do mundo inteiro, promovendo uma agricultura que respeita o meio ambiente, a saúde e as culturas locais. A organização é integrada por mais de 1500 grupos locais e 2400 comunidades do alimento, que desempenha um papel chave envolvendo milhões de pessoas. 

No Brasil, dois dos alimentos classificados e divulgados pelo Slow Food no mundo todo são o arroz vermelho, cultivado na região de Pirenópolis, em Goiás, e a castanha-do-Baru, típica do Cerrado. Hoje, o precioso catálogo do movimento reúne atualmente mais de 3.500 produtos (dados de 2016) provenientes de dezenas de países, dos quais 100 são brasileiros, como o araticum, jerivá, cambucá, típicos da região sudeste – e constitui um importante instrumento para recuperar raças autóctones e aprender a verdadeira riqueza de alimentos que o planeta Terra oferece. 

Castanha de Barú: joia culinária originária do Cerrado brasileiro

Outra iniciativa da organização, que complementa a Arca do Gosto, são as Fortalezas de Produção. São projetos de desenvolvimento da qualidade dos produtos nos seus territórios de origem. Envolvem diretamente os pequenos produtores, técnicos e entidades locais. Para reconhecer e promover um produto é necessário juntar os produtores remanescentes e divulgá-los, ajudá-los a comunicar e publicar a alta qualidade gastronômica de seus produtos, assegurando preços rentáveis, informa o Slow Food Brasil. 

As Fortalezas Slow Food podem trabalhar de modos diferentes, mas os objetivos são os mesmos: promover os produtos artesanais; estabelecer padrões de produção com os produtores para assegurar a qualidade do produto e, acima de tudo, garantir a viabilidade futura para os produtos tradicionais. Só na Itália, são mais de 200 Fortalezas.

Daí para incluir toda a biodiversidade do planeta, incluindo o Brasil, muito já se fez: do arroz bario da Malásia à baunilha mananara de Madagascar, passando pelo café guatemalteco, o queijo oscypek polonês e a deliciosa e pouco divulgada castanha-do-Baru do Brasil. 

Um trabalho precioso, de valor inestimável e que merece, de fato, reconhecimento e aplausos em todo o mundo.

O paladar, nossa consciência e o planeta agradecem.

MARCO MERGUIZZO 
é jornalista profissional 
especializado em gastronomia, 
vinhos, viagens e outras 
coisas boas da vida. 
Escreve neste coletivo 
toda sexta-feira. 
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