CARLOS ARAÚJO (Blog do Araújo) – Quase unânime a constatação de que ler é uma boa alternativa para esses tempos de isolamento social. Acabo de ler o livro “A Batalha das Ardenas – a cartada final de Hitler” (Editora Planeta do Brasil, 542 págs.) De autoria do historiador inglês Antony Beevor, a obra é uma detalhada narrativa da última grande ofensiva de Adolf Hitler na região das Ardenas, na Europa, nos estertores da Segunda Guerra Mundial. Texto magistral, linguagem jornalística, ritmo intenso típico dos melhores romances de ficção, com a diferença que este é um documento histórico, muito bem construído e documentado.
A obra traça uma radiografia do terror e da falta de sentido da guerra. Os acontecimentos vão de 16 de dezembro de 1944 a 29 de janeiro de 1945. Antes das batalhas, generais nazistas alertaram Hitler de que os recursos alemães eram insuficientes para atingir os objetivos da ofensiva e mesmo assim o ditador insistiu na aventura catastrófica. Na véspera de Natal, com oito dias de batalhas, generais nazistas alertaram Hitler de que a luta estava perdida e até mesmo à beira do abismo ele insistiu em valorizar os seus delírios alucinantes em prejuízo da morte de milhares de jovens dos exércitos alemães e Aliados.
Impressiona o teatro de operações movimentado pelos generais e chefes militares Dwight Eisenhower, Omar Bradlay, George Patton e Bernardo Montgomery, entre os Aliados, e Walter Model e Joachim Peiper, entre os nazistas. Assustador o sofrimento dos soldados de ambos os lados e da população civil das vilas da região das Ardenas.
Na noite de Natal, uma garotinha morreu dentro de casa com estilhaços que atravessaram o seu pescoço, justamente na hora da comemoração em família preparada num momento de aparente trégua nos combates. Em outra ocasião, um soldado atirou-se sobre um menino e o protegeu com o próprio corpo dos danos de um artefato prestes a explodir, tendo sofrido ferimentos que quase o mataram. Seguem-se as descrições de construções em ruínas e de massacres de prisioneiros dos dois lados. O balanço é estimado em oitenta mil mortos de cada lado.
Se é possível aprender com a história, a batalha das Ardenas mostra o quanto os delírios de homens de poder podem ser devastadores para a humanidade. O registro histórico também alerta para o quanto o comportamento genocida de alguns líderes de governos pode ser trágico em outra guerra, a que é travada atualmente contra o inimigo invisível da Covid-19.
Hora de aprender com as dolorosas lições da história

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