A hora de apartar o joio do trigo

GERALDO BONADIO (Blog do Bonadio) – Limpar plantações, eliminando periodicamente as ervas daninhas a fim de possibilitar o melhor desenvolvimento das culturas, tem sido uma rotina na atividade agrícola do Ocidente.

Contra esse pano de fundo, soa estranha a recomendação de Jesus, inscrita numa das parábolas do Evangelho de Mateus (13:24-30) aconselhando os lavradores a permitirem que o trigo e o joio cresçam juntos, deixando o aparte para a ocasião da colheita.

Teria o apóstolo Mateus, cujo texto foi escrito especificamente para seus compatriotas judeus, com o objetivo de demonstrar que o Nazareno era o Messias aguardado, usado como referência uma prática corrente, à época, na Terra Santa?

Em 2012, na edição inicial de Sapiens – Uma breve história, Yuval Noah Harari sinalizava a relação entre as práticas agrícolas contemporâneas e o risco de pandemias devastadoras. Outras consequências ruim do agro pop, estão ao nosso redor.

O café entrou no país pelo atual Estado do Rio de Janeiro, atravessou São Paulo e chegou ao Paraná. Suas belíssimas plantações, subindo e descendo morros, sempre alinhadas, nos legaram, em tais quadrantes, erosões enormes, rios cujas calhas foram entupidas pela aluvião, terras inutilizadas para o plantio e, sabemos agora, pandemias sem precedentes. Contrastando com isso, povos “primitivos” extraem, há milênios, alimento dos plantios em terraços.

A parábola teria alicerçado a recomendação espiritual nas praxes agrícolas contemporâneas? É um ponto a ponderar.

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