JOSÉ SIMÕES – A Secretaria da Cultura de Sorocaba esta na UTI. Segue funcionando por aparelhos (recursos da Lei Aldir Blanc). A cada dia um susto. A cada dia um novo obstáculo. Como se não bastassem os problemas causados pela pandemia.
Depois da péssima repercussão dos valores destinados à Cultura do município no orçamento para ano de 2021. Os vereadores, principalmente, da Comissão de Cultura e Esportes, na última sessão (dia 4) abriram novas rubricas no orçamento com o objetivo de destinar verbas para ações na Cultura( em primeira votação). Eles buscaram, de algum modo, recuperar o desastre do último orçamento da pasta enviado à Câmara para aprovação.
Os recursos propostos são o mínimo para que os equipamentos e as ações culturais possam acontecer na cidade no próximo ano. Mas nada muda. Segue na UTI.
Se espera que estes recursos não sejam contingenciados ou as verbas não sejam suspensas. E que toda esta ação não passe de uma esperança vã ou “passada de pano”.
Certeza mesmo só na tinta da caneta do próximo prefeito ou prefeita.
As emendas propostas contemplam as seguintes ações:
R$ 800 mil para a FUNDEC;
R$ 500 mil para o Parque dos Espanhóis;
R$ 600 mil para a Casa de Aluísio de Almeida;
R$ 75 mil para o Barracão Cultural;
R$ 75 mil para o Céu das Artes;
R$ 250 mil para festejos populares;
R$ 151 mil para Escola de Cultura e Artes;
R$ 170 mil para a Biblioteca Municipal;
R$ 160 mil para reforma da lona de circo da Biblioteca Infantil;
R$ 30 mil para a Semana do Hip Hop;
R$ 15 mil para o Dia da Consciência Negra;
R$ 107 mil para apresentações em bairros;
R$ 260 mil para a realização de feiras de arte;
R$ 655 mil para ações da Lei de Incentivo à Cultura;
R$ 250 mil para prêmios e festivais e
R$ 690 mil para o Teatro Municipal
Nesse conjunto nenhum recurso especifico foi destinado para o Patrimônio Histórico e Cultural da cidade, que seguirá sobrevivendo “da bondade de estranhos”.
Uma pena. A memória do patrimônio deixada de lado, significa deixar a memória do sorocabano fora do jogo da vida da cidade.
Este é o problema deste orçamento não ter sido elaborado por técnicos da área. O pessoal da secretaria não costurou com os vereadores as suas emendas, etc. Os vereadores fizeram a sua parte ouvindo as demandas dos artistas. O Conselho de Política Cultural entrou em campo e foi para cima . Na base da emergência. Articulou. Esticou a corda até onde pode.
A administração da política cultural no ano de 2020, para ser minimamente respeitoso, foi lastimável. Basta ver os não-secretários e os não-currículos da área, os não-projetos desenvolvidos para preservar as artes e os artistas durante a pandemia, o não-carnaval , etc. Um ano para esquecer. Nem se pode escrever que foi um improviso. Pois, para se improvisar, todo artista sabe que é preciso conhecer do oficio.
Só espero que com a chegada de 2021 a Secretaria da Cultura de Sorocaba possa voltar a respirar sem aparelhos e quem sabe sair da UTI.
Os artistas calejados seguem firmes e atentos. Venha quem vier. Os artistas avisam: nós estamos aqui. E apoiados em Brecht sabem que “nada deve parecer impossível de mudar”.
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