Triumpus Cupidinis

Para mim, o amor é uma tarde de outono, de céu azul, sol frio e passos alheios entre folhas secas que dançam pela calçada.

Para mim, o amor é a textura do moletom sobre a pele, o cabelo despenteado, a manhã que, acompanhada pelo bocejo dos pássaros, preenche o espaço com uma aquarela perfeita.  É o óculos que embaça no primeiro gole de café.

As vezes, ele – o Amor – toma forma, tal qual um deus grego que prega peças entre os finitos.

Transborda presença em uma pinta ou numa garrafa de vinho. Molha-se na chuva. Faz careta no espelho e se intromete num beijo impulsivo. Flutua pelas conversas: vida, universo, música, sonhos e poesia, entre dois corpos paralelos que ignoram o outono.

As folhas dançam entre passos alheios, secas e frágeis.

Frágeis como sopro que precipita o medo. Como a segurança. Como o último e receoso abraço.

Último porque, para mim, o amor é como uma tarde de outono, em que as folhas secas dançam, na maré da brisa fria, até que o espetáculo termine, escurecido pela aquarela do céu que se desmancha.

Assim a tarde acaba. Assim o outono termina.

São as vezes do inverno.

Texto por: Luiz Pierotti

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