
Sandra Nascimento
Com a escassez de chuvas, a represa de Itupararanga chega em outubro apontando os menores níveis de recursos hídricos e um alerta ecoa: pode faltar água! Se não chover, o volume existente poderá não ser o suficiente para as cidades abastecidas pelo rio Sorocaba, nem até o fim do ano.
No domingo (10/10) o reservatório chegou a 17,5% e ultimamente está com os níveis de água sempre próximos do chamado “volume morto”, a reserva mais profunda da represa. A informação é do professor André Cordeiro, vice-presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e Médio-Tietê, durante uma roda de conversa sobre Meio Ambiente e Crise Hídrica, realizada no último 6/10, pelo Instituto Plenu Cidadania.
Nos últimos 50 anos, esse foi – até o domingo – o menor nível apontado pela represa durante períodos de estiagem e falta de chuvas. Uma notícia alarmante, considerando-se que o manancial de Itupararanga fornece água para a metade da população de toda a região de Sorocaba, nada menos que 1 milhão de habitantes.

Ameaças de racionamento
Mas o que acontece em Itupararanga (Votorantim) não é um problema isolado. Dezesseis outras cidades do interior paulista vivem situações semelhantes, como São José dos Campos, conhecida terra do agronegócio, e a cidade de Franca, onde a seca chegou a levantar altas nuvens de poeira.
Segundo estudos meteorológicos, de responsabilidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), até 70% das chuvas no estado de São Paulo dependem do vapor d’água amazônico. E, como o ciclo hidrológico não se cumpre, as chuvas estão cada vez mais escassas, devido aos desmatamentos e queimadas que acontecem em larga escala, provocados na sua maioria pela ação do homem. As consequências somam danos ambientais, financeiros e sociais, nem todos passíveis de reparação, como as mudanças irreversíveis aos ciclos da Natureza.
Tantas evidências são os resultados de um modelo de desenvolvimento insustentável que traz o enfrentamento à falta de água e as ameaças de racionamento para um futuro bem próximo, situações seríssimas de emergência climática.

Mudanças do Clima
No dia 9 de setembro de 2021, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), órgão das Nações Unidas (ONU), criado para avaliar a ciência sobre mudanças do clima, publicou um relatório de avaliação dos últimos 7 anos, com destaque para os níveis de gases tóxicos, provenientes do uso de energias fosseis e dos desastres ecológicos provocados pelas queimadas.
O relatório alerta ainda para os novos acontecimentos que poderão ameaçar a humanidade, como o índice de aquecimento global de + 1,5º C, a ser atingido já em 2030, dez anos antes do que foi estimado em estudos anteriores.
A conta chega
Um aumento nessa proporção – explicam os cientistas – causará novas inundações, secas irremediáveis e fortes ondas de calor, deixando distante o propósito firmado pelo Acordo de Paris, em 2020, cuja meta principal era reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio de temperatura da Terra a 2ºC, em relação à era pré-industrial.
Preocupado com os últimos dados do IPCC, no mesmo documento, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, deixou um apelo aos dirigentes mundiais que se reunirão na Conferência do Clima, em Glasgow/Escócia, no mês de novembro:
“Se unirmos forças ainda poderemos evitar uma catástrofe climática. As emissões de gases de efeito estufa provocadas por combustíveis fósseis e desmatamentos estão sufocando o planeta, como indica o relatório do IPCC. Já não há mais tempo e nem lugar para desculpas.”
Animações gráficas do Google Earth sobre o impacto do ser humano na Terra e consequentes mudanças climáticas, no período de 1984 a 2020, podem melhor ilustrar toda problemática.
Para acessar localidades: https://earthengine.google.com/timelapse/
Referências: greenpeace.org; exame.com; aguasustentavel.org; ecofuturo.org; mundoconectado.com.br; wwf.br/naturezabrasileira. Facebook.com/ portalporque; brasil.elpais.com; Fotos: José Finessi, Sandra N.
É assustador ver o quanto destruímos o nosso planeta! Cenários desoladores!
Parabéns pelo trabalho Sandra, grande reflexão nos causa!
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