Hoje sangrei
Como se meu corpo estivesse envolto
Em ramos de espinheira branca
Venho sangrando há dias
Nas coroas que eu mesmo costuro
Ontem olhei triste para o homem pobre
E ousei reclamar-lhe da vida
Agradeça a Deus estar aqui
Agradeça ter um trabalho digno
Reles, mas digno
Agradeça a cerveja que te vendo
Ouvi
Meu corpo sangra
Pior é meu espírito
Trancafiado entre a dor do que não mais existe
E o intransponível muro do que ainda não está
Eu queria olhar para a lua
Abençoar o sol do meio dia
Conversar com a alma do que não fui
Pedir silenciosamente com respeito
Que ela se vá.
Permitindo assim que encontre o que virá
De coração livre
Ausente do desamor
Inocente de esperança
Porque estou aqui por um motivo
Atiçar fogo nas incertezas
Amar intensamente até perder o fôlego
Encher de flores minhas feridas
Abraçar minha divindade
E correr de felicidade pelos dias que virão.
Frederico Moriarty. 2021, Novembro, 2
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