
Sandra Nascimento
Anualmente, acontece no Brasil um festival internacional de filmes que apresenta as melhores e mais recentes produções sobre importantes questões ambientais de todo o mundo. Intitulado “Filmambiente”, o festival foi criado em 2010 com o propósito de promover filmes e animações que possam ampliar o conhecimento ambiental, bem como provocar o debate sobre mudanças que precisam acontecer no comportamento de governos, empresas e sociedades. De lá para cá, já foram apresentadas 11 edições, as exibições são gratuitas para o Brasil e nos dois últimos anos os filmes foram exibidos em plataformas on-line.
Curadoria, organização e prêmios
O festival deste ano, realizado entre 28 de outubro e 3 de novembro, reuniu 43 filmes, sendo dois média-metragens, 20 longas e 21 curtas. Do total, 41% dessas edições foram dirigidas por mulheres.
Reponde pela curadoria do “Filmambiente Festival” a documentarista Suzana Amado, que é diretora do evento desde 2010 e produtora de cinema e vídeo há mais de 30 anos. Constam no seu currículo trabalhos na TV Educativa, Embrafilme, Columbia Pictures, Art Filmes e Editora Campus/Elsevier. A organização da mostra também é assinada por Valéria Burke, Raquel Couto e Marcelo Paes de Carvalho, todos produtores de audiovisual, cinema e fotografia.
Entre curtas e longas, o júri oficial da competição certificou as seguintes categorias: melhor filme, melhor diretor, melhor montagem, melhor roteiro e o prêmio especial do júri. Duas indicações foram do júri popular que, em 2021, escolheu o longa “Without Borders”, das diretoras Sandrine Charruyer e Sophie Lepowic, e o curta “A Natureza”, de Marcell Barelli.
Dos Curtas


Premiados ou não, os curtas apresentados revelaram talentos raros e muita criatividade.
Alguns destaques:
A Cadeira Velha da Mamãe (2m27s) – com direção de Sheena Walsh, fala sobre recuperação e reutilização de objetos.
Em Extinção (6m47s) – de Pauline Epiard, Valentine Ventura, Tiphaine Burguburu, Clémentine Vasseur, Lisa Laîné e Élodie Laborde, apresenta um repórter atribulado que busca por uma espécie supostamente em extinção.
A Natureza (5m) – direção de Marcell Barelli, traz abordagem sobre a homossexualidade entre os animais.

Longas-metragens
Vários assuntos povoaram o universo dos longas-metragens, tais como o contrabando de tigres no sudoeste asiático, a sobrevivência no deserto, incêndios que devastam territórios, águas desviadas ilegalmente de rios, a reação indígena pela vida, pela terra e pela própria cultura, a exploração por meio de corporações de mineração ou a complexidade da vida entre homem e natureza, e outros.


Ação e Poesia
Entre ação e poesia, o filme “Do Mar Selvagem” (1h18), direção de Robin Petré, mostra a complexidade do embate entre ser humano e natureza, sob a perspectiva do homem e do animal, provocando sentimentos fascinantes e de conflito.
Já o filme “Labirinto Yo’eme” ou “Yo’eme Labyrinth”, de Sergi Pedro Ros (1h27) – ganhador de melhor documentário de longa-metragem do juri oficial –, conta a história do desvio ilegal de milhões de metros cúbicos da água do Rio Yaqui em 2010, pelo governo do México, que acabou colocando em risco a vida de uma comunidade inteira. Para enfrentar o problema, os yaquis buscaram respostas na própria identidade e cultura.
Inferno sem Fronteiras
Dirigido por Sandrine Charruyer e Sophie Lepowic, “Inferno sem Fronteiras” ou “Without Borders“ (1h25) é o longa premiado pelo júri popular. Sua temática aborda os incêndios que devastaram a Austrália em 2019 e 2020, onde milhares de casas foram destruídas e mais de 3 bilhões de animais foram mortos ou transferidos para outros lugares. O filme tenciona questionar se não seria a hora de reintroduzir as técnicas dos aborígenes para o controle do fogo, respeitando com isso o meio ambiente e seus povos originários.

Para mais informações:
Filmambiente/2021 – https://filmambiente.com/br/filmambiente-2021/
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