FREDERICO MORIARTY – No Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina em Jerusalém temos a imagem mais antiga de Cristo. Data do século VI. O Christo Pantokrator ( a imagem em destaque nesse texto). Pan significa Todos e Krator, Alto. Cristo é o onipotente, o todo poderoso. Aquele que está acima de nós. A mão esquerda seguram as sagradas escrituras. Os dedos indicador e médio da mão direita estão entrelaçados e apontam ao alto.Cristo é divino e humano. Carne e espírito. O polegar forma um triângulo: significando a Santíssima Trindade.

A iconografia renascentista o fez loiro de olhos claros, a igreja de Cristo ( que ele sequer viu nascer) fincou suas pedras em Roma. Universal era o Império, universal seria a religião ( católico em grego é exatamente isso).

Se o Cristo desafiou os rabinos e os chefes de então, não poderia jamais andar como eles. Cabelos longos certamente ele teria. Era alto de olhos negros. Barba? Isso é consenso. Desalinhadas. Cristo deveria incomodar os comuns, pelas falas distintas, pelo caráter pedagógico e por ser um comensal. Não há algo que o homem mais detesta do que receber visitas inesperadas para a ceia. Cristo quebrava a rotina e o tédio das casas. Alguns historiadores “tecnológicos” andam a divulgar uma imagem “fiel” do senhor. Tão errada e forçada quanto o loiro de Michelangelo. Os ortodoxos se aproximam mais da verdade. Basta olhar para os judeus e encontrar as similitudes. Alguns até citam o profeta Isaías( aquele que pregou 8 séculos antes dele aparecer) para o retratar como feio.

Jesus Cristo é imenso em sua simplicidade, é transbordante em seu amor, inigualável em sua bondade, único em sua virtude.
Deus.
Os ensinamentos são eternos. É o nosso espelho do inatingível. Se Jesus era a própria substância de Deus, poderia ter interferido, poderia ter parado o tempo, poderia ter modificado a história, poderia ter derrotado a morte, poderia ter revelado a verdade. Porém preferiu amar quem não merecia, preferiu sangrar por todos nós. E cada gota de sangue que escorria daquele corpo e cada labareda de dor que percorria aquela alma é um.símbolo de nossa miséria humana, de nosso egoísmo, de nossa violência cotidiana.
Deus precisou ressuscitar para vermos o que os olhos e ouvidos jamais querem enxergar e ouvir. A luz que nos guia em meio a essa imensa escuridão que é a vida. Somos um pequeno grão dele, um grão amargo e duro, mas mesmo assim amados.
Esse é o ensinamento. Sem imagem, só a revelação.
Que nos abençoe novamente em mais uma sexta da paixão e que nos permita regozijarmo-nos em mais um.domingo de festa, de Páscoa, de esperança em sermos um pouco desse amor.

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