Ceticismo: a dúvida como garantia de tranquilidade

MARCELLO FONTES e HENRIQUE GONÇALVES DE PAULA (Blog Em toda e em nenhuma parte) - Afinal, a dúvida é um problema ou uma solução? O cético filosófico não descrê ou duvida por birra ou mero cacoete implicante, mas por desejar ser sincero, uma vez que compreende a impossibilidade de uma verdade absoluta. E como veremos, essa postura não lhe traz nenhum desconforto ou inquietude; ao contrário, produz paz, sossego e tranquilidade.

Dever, autonomia e emancipação: a ética de Kant

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) O que Kant propõe é uma moral despida de qualquer ideologia ou dado da experiência, calcada apenas na razão, do mesmo modo quando ao examinar a razão diante do conhecimento o fez. Essa lei moral é algo interno, que acompanha a razão prática e deve ser obedecida apenas a partir da própria racionalidade, independente de impulsos ou tendências. Esta lei moral e sua realização estaria diretamente ligada à liberdade, como condição de autonomia e seguindo um dever que se estabelece na consideração daquilo que é o bem, considerando-se o lugar do indivíduo na humanidade.

A liberdade e suas angústias: o existencialismo de Sartre

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - O que exatamente nos torna quem nos somos? Existiria algo que de algum modo nos determinaria a ser o que somos? As escolhas que fazemos são nossas mesmo e fruto de nossa intrínseca liberdade ou parte de um plano previamente definido por alguma instância alheia a nós mesmos? O existencialismo dirá que não existe absolutamente nada que nos determine, nada que antes de nós de alguma forma oriente e conduza nossa existência. Primeiro existimos e existindo, fazemos escolhas que, estas sim, determinarão nossa essência, ou seja, aquilo que iremos nos tornar.

Felicidade e helenismo

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - A Filosofia produzida no período do helenismo nos ensina que não apenas é possível, mas necessário e relevante pensar sobre a felicidade, mesmo diante das maiores crises e tragédias pelas quais eventualmente passemos. Porque, como iremos ver mais detidamente, para os filósofos deste período há uma necessidade quase atávica de produzir uma resposta para a pergunta pela felicidade. A grande lição do helenismo sobre felicidade é que ela não depende de outros ou de fatores externos, mas de você e suas convicções interiores.

O nome da rosa: o medo do conhecimento, das heresias e do riso.

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - A já clássica obra de Umberto Eco, "O nome da Rosa", recentemente adaptada agora para minissérie pode nos trazer lições de como enfrentar muitos medos que ainda persistem atualmente e ressaltar a luta pela liberdade de pensar, sentir e exprimir-se, bem como a necessidade de uma perspicácia para desmistificar tudo aquilo que não se sustenta como verdade factual e lógica, a desconstrução de convenções, não para necessariamente destruí-las, mas para deixar claro que são apenas isso, nomes, acordos e pactos, não realidades intocáveis.

Virtual e real

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - Aquilo que se chama hoje de virtual pode ser considerado de algum modo menor, menos importante ou, por outro lado, superior ou mais interessante do que o que é dito real. Real e virtual seriam de fato opostos, como tantas vezes supôs o senso comum? Como isso impacta nossas vidas em tempos de tamanha virtualização, a ponto de o próprio conceito de virtual ou a virtualidade assumirem novos e diversos significados?

Em busca da felicidade: Aristóteles e sua Ética

MARCELLO FONTES (Blog Em Toda e Em Nenhuma Parte) - Ser ético para Aristóteles é acima de tudo ter uma boa vida em sociedade, o que só seria possível partilhando a característica racional comum a todos os seres humanos como orientadora das ações equilibradas, que deverão assim conduzir à felicidade.

Precisamos falar sobre racismo, ainda: algumas perspectivas filosóficas

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - Chega a ser constrangedor para a humanidade que em pleno século XXI ainda tenhamos que estar discutindo sobre algo que se esperava estar há muito superado [...] Aprendemos a desenvolver vacinas diversas, a voar, a construir arranha céus, a nos comunicarmos à distância, dentre muitas outras coisas incríveis, contudo, muitos ainda não aprenderam a deixar de fazer acepção de pessoas em função de um detalhe acidental: a cor da pele do outro.

Conhecer o Bem e examinar a própria vida: Sócrates e sua Ética

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - Será que as pessoas realmente “têm” ou “não têm” Ética, conforme tantas vezes lemos e ouvimos falar nos vídeos e postagens que mais do que nunca inundam nossas redes sociais, programas televisivos e outras mídias? O que isso exatamente significa? Seria realmente a Ética uma espécie de virtude que se possui ou não?

Mercadoria como fetiche e arte como mercadoria

Marcello Fontes (Blog em toda e em nenhuma parte) - É muito importante dar-se conta de que muito do que fazemos e decidimos não é realmente fruto de nossa decisão consciente, pois é tal o nível de influência e coerção social ao qual somos submetidos que atos como o de um indivíduo que compra xampu para cachorro sem ter cachorro passam a ser “fichinha” perto do que fazemos sem realmente saber de modo plenamente consciente que estamos fazendo ao consumir, comprar, vestir-se, ouvir música e assistir filmes, por exemplo, e achar que somos as mais originais e autênticas das criaturas. Afinal, “uma mercadoria aparenta ser, à primeira vista, uma coisa óbvia, trivial. Sua análise resulta em que ela é uma coisa muito intricada, plena de sutilezas metafísicas e melindres teológicos”.

Ciência e Dogmatismo

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - A Ciência nada tem a ver com dogmas e a aceitação de seus postulados não deve ser fruto de crença, mas de compreensão. Veremos ainda que tais postulados, diferentemente dos dogmas, não são definitivos nem muito menos absolutos. Não se crê na Ciência, mas estuda-se, reflete-se e, se for o caso, critica-se e mesmo questionam-se seus postulados, teses e conclusões. A Ciência evolui e progride deste modo, inclusive. Áudio completo do artigo narrado pelo autor disponível. Link no início do artigo.

Negação dos fatos, má fé e risco civilizatório

MARCELLO FONTES (Blog em toda e em nenhuma parte) - No campo da ciência ou das evidências claras e concretas, brigar contra fatos não é uma atitude razoável ou inteligente. Aquele indivíduo que, diante de fatos evidentes, inequívocos e empiricamente comprovados de diversos modos insiste em afirmar o oposto ou age de má fé ou tem dificuldades cognitivas sérias decorrentes de alguma patologia. Falaremos da má fé que faz com que se afirme algo nitidamente irreal. Temos visto com muita frequência situações nas quais, mesmo diante das mais fortes e demonstráveis evidências, pessoas insistem em afirmar o contrário do que a ciência, a razoabilidade e o bom senso demonstram. Isso não é uma novidade, mas tem se acentuado nos últimos anos por meio da livre circulação de ideias no universo virtual. Mas, como o momento atual bem demonstra, cada vez mais a propagação de tais negações dos fatos constituem uma séria ameaça para a civilização em termos políticos, econômicos, ecológicos e sanitários.

Reprodução, arte e transformação

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - A um clique, tudo se apresenta e pode ser fruído. Reproduz-se quase tudo de modos múltiplos e cada vez mais ágeis. Copiamos, modificamos e a partir daí produzimos novos conteúdos com os mais diversos formatos. Quais as consequências disso para a arte? O que acontece com ela quando é reproduzível de modo quase infinito?Para Walter Benjamin, este processo causa na obra de arte a perda de sua "aura", que consistiria naquele "aqui e agora" próprios daquilo que seria a obra de arte original, e que daria valor cultural, autenticidade e unicidade a ela. Com a possibilidade da reprodução, todo o conceito estético clássico de beleza e as categorias daí deduzidas sofrem mudanças profundas e definitivas. A própria noção de autenticidade passa a não ter mais sentido diante da reprodutibilidade.

A ignorância como fermento para a banalidade do mal

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte) - O mal não estaria ligado à liberdade, mas à não liberdade. Aquele que perpetra o mal não é um “monstro” ou um ser necessariamente perverso ou cheio de motivações aterrorizantes, mas acima de tudo um Homem comum. Uma assustadora normalidade cerca o mal, que para Arendt evidencia-se principalmente no aspecto político e histórico, sem que se tenha qualquer evidência de que foi cometido por crueldade absoluta, mas principalmente por omissão e ignorância. O perpetrador do mal, para Arendt, nada tem a ver com o vilão tradicional ao qual muitas vezes nos acostumamos.

Tolerância x Intolerância = Intolerância

MARCELLO FONTES (Blog Em toda e em nenhuma parte)
- O intolerante, se for tolerado, causará em algum momento a destruição dos tolerantes e da própria sociedade que assim se posiciona. Isso porque o intolerante aproveitaria a tolerância a ele concedida para difundir e praticar suas ideias intolerantes, que incluem, como vimos, a eliminação de todo aquele que não for semelhante a ele. Seria uma tolice da parte dos tolerantes estenderem essa tolerância aos intolerantes. E essa tolice custaria muito caro.

Novo blog do Terceira Margem busca democratização da filosofia, para além das salas de aula e dos muros acadêmicos

TERCEIRA MARGEM - O professor de Filosofia Marcello Fontes é o mais novo integrante do Coletivo de Blogueiros Independentes Terceira Margem. Ele, que já havia publicado o artigo “Democracia, multiculturalismo e reconhecimento” no dia 10 de janeiro, na condição de blogueiro convidado, estreia agora com um blog fixo, intitulado “Em toda e em nenhuma parte”,... Continuar Lendo →

A Filosofia: em toda e em nenhuma parte

MARCELLO FONTES (Blog Em Toda e em Nenhuma Parte) - A Filosofia não tem um território, um limite, ou mesmo um método único; não é escrita de uma única forma, mas através de poemas, cartas, diálogos, tratados, aforismos, confissões, artigos e até romances. Nada é mais difícil de afirmar, à semelhança daquilo que puristas ou saudosistas fazem em relação à arte, à música ou à literatura, que “isso ou aquilo não é Filosofia”. Pois ela está em toda parte, ao mesmo tempo em que não está necessariamente em nenhuma.

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