JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - Antes de mais nada, quero registrar um protesto enfático, irritado mesmo contra o maldito cacófato e todos – jornalistas, políticos, médicos, cientistas, até mesmo professores – que se renderam a ele sem a menor resistência. Cacófato evidente, feio, evitável e -- já que aceito, apesar de evitável -- vagabundo, por meio do qual as palavras “por” e “covid”, escritas ou faladas assim, em sequência, evidenciam de forma grosseira a palavra “porco”: “porco vid”.
Justiça para todos ou Sentimento de Vendetta? – Parte II: Essa Juventude é assim mesmo!
Everson Pires (Blog Café Envenenado) - Quem nunca foi em uma Festa de cidade do interior, seja do Peão, da Uva, do Bordado, Festa do Doce ,e , de repente, começa uma briga generalizada que ninguém sabe de onde veio e pra onde vai? Aliás, sabemos que, os "playboys" e "paladinos do bem, da moral e dos bons costumes", saem por cima. Já a "cambada", os "favela", a "corja", que nem sempre são detentores desses adjetivos, vão é se dar mal!
Como destruir um relacionamento quase perfeito com uma pergunta
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - Raíssa era tão linda quanto insegura. Vivia a testar André, o namorado, com dúvidas que haviam se tornado como que um joguinho para o casal. – E se eu fosse atropelada e tivesse que amputar as pernas, bem aqui, no alto das coxas: você ainda me amaria?
História de hospital
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - Se eu fosse raso, poderia supor um diálogo possível e me apegar a ele. Mas a verdade é que qualquer coisa que eu imagine não tem valor nenhum.
Memórias póstumas de mim mesmo
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - Nunca a morte deveria ocupar um vivo para além dos deveres sanitários, éticos e de solidariedade humana.
Vovô Elvis
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - (...) Daquela vez foi diferente. Depois daquela conversa, a monotonia das tardes e manhãs passou a ser interrompida pela voz daquele já alquebrado senhor, sempre engalanada por uma certa impostação que, embora tênue e, como se diz popularmente, “pequena”, fazia mesmo lembrar, ainda que vagamente, o jeito de cantar do rei do rock.
Sofrimento eterno
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - Um homem morreu e agora se encontra diante de um pórtico de fogo.
Das estrelas
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - Pelas ruas/ vazias/ estreitas./ No fundo do meu olhar:/ estrelas./ Solenes,/ altivas,/ eternas...
Apenas um risível zepelim gigante
JOSÉ CARLOS FINEIS (Conversa de Armazém) - Não importa para onde se vá/ se só, ou se menos triste --/ o ar é doce,/ a vida é vã/ e a brisa do mar afaga os ressentimentos
O vento frio apanhou-me estrangeiro
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - O vento frio apanhou-me estrangeiro/ As ruas esgotaram-se mais cedo/ E eu, que julgara-me seguro,/ estremeci como uma vela, tênue,/ oferecida ao vento
Eu te liberto da obrigação de me amar
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - És livre para não me amar, mesmo tendo eu amado/ Com todas as células de meu corpo e mente e sonhos/ Se sentes gratidão, dá-me um muito obrigado/ Ou um aceno de mão; estará de bom tamanho
A história de uma canção
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - O 27 de agosto de 1980 ficou inscrito como um dos dias mais tristes e indignos da história brasileira. Foi o dia do atentado covarde e assassino à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro. Acorde por acorde, verso por verso, a canção foi escrita inteira, assim como é hoje, numa única pegada, sem titubeios, como se já existisse em forma e conteúdo em algum lugar do meu cérebro.
A encomenda
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - "Tá doido? Como posso ficar com um pacote sem saber o que tem dentro? Pode ser um veneno, uma coisa radioativa. Uma bomba caseira, uma maldição, uma jura de morte, um rato morto."
Sem retorno
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - A campainha que ficara silenciosa durante quase três meses soou como um eco de tempos felizes no apartamento de quarto (que servia também de sala), cozinha e banheiro. Elisa sabia que era ele, o louco. Vinha, conforme suas palavras, apenas “olhar para ela e conversar sem tocar em nada”, a distância segura. Talvez tomar um café, desde que ela entendesse que isso não a poria em risco. Afinal, ele a amava e, se ela consentisse, queria passar um quarto de hora em sua companhia, para matar a saudade.
Algo mais poderoso que a morte fermenta no silêncio e na tristeza
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém ) - O ex-metalúrgico e sindicalista que se fez também professor de História era dessas pessoas inquietas, que você jamais encontraria enfiado em pijamas, olhando para um álbum de fotografias. Seu viver era um eterno criar e dar forma para coisas boas que não existiam até então, e que ele pôs para funcionar. Sorocaba e a região devem muito a ele.
A invenção da Humanidade (conto)
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - A menina tremeu quando seu pensamento avançou um pouco mais e abarcou a ideia, até então jamais pensada por alguém, de que podia romper com as regras da tribo. Seu coração pulsou forte quando constatou que podia, se quisesse, morrer com aquele homem -- o único, dentre todos, que a cobria de agrados, ora levando-lhe as frutas mais vistosas que conseguia encontrar, ora sorrindo para ela e abraçando-a, ora passando as mãos em seus cabelos.
Ouça “A taça de sorvete” com interpretação de Paulo Betti
JOSÉ CARLOS FINEIS (Conversa de Armazém) - O blog Conversa de Armazém apresenta hoje uma experiência com narrativa em áudio. Basicamente, um podcast literário, com ninguém menos que o ator Paulo Betti interpretando um de meus textos, "A taça de sorvete".
Zé Muleque, o leva e traz (conto). Parte 3 (final): Nada que um bolo não resolva
JOSÉ CARLOS FINEIS (Conversa de Armazém) - "Ora, quem diria. O filho do velho boticário meu amigo bancando jagunço de novela. Seu pai era um grande homem e deve estar lá no Céu, morrendo de vergonha de você, seu corno manso. Quem mais está aí? Venham aqui para a frente. Sejam homens, saiam das sombras. Vamos conversar e resolver a situação com saliva, pois com chumbo, não sei se vocês perceberam, alguém certamente não vai dormir em sua cama esta noite."
Sapatos
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) -- Sapatos trouxeram a desgraça para a vida daquela criança livre. Com eles, vieram a escola, o horário para acordar, as lições de casa, o bullying (usava óculos), a necessidade de tomar banho todo dia, o medo de errar, a competição para ser o primeiro da classe, a primeira briga na porta da escola, a fossa de domingo à noite, a incerteza quanto ao futuro...
Zé Muleque, o leva e traz (conto). Parte 2: Uma cabeça prestes a rolar
JOSÉ CARLOS FINEIS (Conversa de Armazém) - Às vezes me esqueço que agora sou contista, e não mais um escrevinhador de notícias policiais. A cabeça decepada que no noticiário sensacionalista aparece logo no título pode, na narrativa literária, ser cortada aos poucos, ou na última linha, ou, se o texto for uma obra aberta, até mesmo permanecer como uma sugestão ou um mistério, para que o leitor tire livremente suas conclusões do que pode ter ocorrido e a quem.
Zé Muleque, o leva e traz (conto). Parte 1: Todos (até dona Rosa) contra Zé
JOSÉ CARLOS FINEIS (Blog Conversa de Armazém) - Zé Muleque devia ter desconfiado de que havia alguma coisa errada quando foi convidado – ele, que entrava sem bater – para a sala do prefeito naquela manhã de sol. Desde que pisara na Prefeitura, sentira um excesso de mesuras no ar, incomum para um aspone que, embora sem cargo no papel, era considerado “gente da casa”.
Larissa e Joana (conto). Parte 2 (final): O amor verdadeiro vai encontrar você
JOSÉ CARLOS FINEIS (Conversa de Armazém) - Nos dias seguintes ao primeiro encontro (creio que foi numa quarta ou quinta-feira), Larissa e Joana pensaram muito no trato que haviam feito. A bem da verdade, refletiram sobre o assunto de maneira quase obsessiva, talvez porque as intrigasse uma ideia que ocorreu a ambas – a de que pudessem ter sido levadas por algum motivo desconhecido por elas mesmas, alguma intenção não consciente que não fosse apenas a de reunir-se para conversar.
Larissa e Joana (conto). Parte 2 (final): O amor verdadeiro
JOSÉ CARLOS FINEIS (Conversa de Armazém) - Nos dias seguintes ao primeiro encontro (creio que foi numa quarta ou quinta-feira), Larissa e Joana pensaram muito no trato que haviam feito. A bem da verdade, refletiram sobre o assunto de maneira quase obsessiva, talvez porque as intrigasse uma ideia que ocorreu a ambas – a de que pudessem ter sido levadas por algum motivo desconhecido por elas mesmas, alguma intenção não consciente que não fosse apenas a de reunir-se para conversar.
Larissa e Joana (conto). Parte 1: Alguém para conversar e nada além disso
JOSÉ CARLOS FINEIS - "Eu li recentemente sobre uma terapeuta americana que cobra uma fortuna para dar abraços demorados em seus pacientes. E no Japão – se bem que o Japão é outra cultura, quase que um outro planeta –, tem uma empresa que aluga amigos e parentes para pessoas solitárias, para acompanhá-las em festas ou mesmo para conviver com elas em casa. (...) Isso sem falar nos homens que compram mulheres de silicone para ver TV de mãos dadas no sofá e depois fazer sexo com elas." (Blog Conversa de Armazém)
Os tijolos de Jerico e outros poemas
JOSÉ CARLOS FINEIS ´- Em vez de muralhas, muretas (e Jericó era Jerico). Sim. Depois de muitos anos de pajelança, de muito bater o pé e levantar a poeira do deserto, desprendeu-se, lindo, impávido, o primeiro tijolo – e plof! (Dizem que Caim odiou Abel em menos tempo. Dizem também que Deus fez o homem em um quarto do tempo.) Sim.
Caridade embutida
JOSÉ CARLOS FINEIS - Um homem muito pobre, inclusive de informações, bateu numa casa bonita já preparado para receber cara feia, mas tinha fome e precisava de algo para comer. A empregada o atendeu e pediu que esperasse. Minutos depois, surgiu com uma sacola de supermercado cheia de salsichas bem vermelhas. Verteram lágrimas dos olhos... Continuar Lendo →
A sedução do abismo (conto). Parte 2: A arte de construir sobre o vazio
JOSÉ CARLOS FINEIS - Um murmúrio subiu desde a multidão quando, lenta e cuidadosamente, passei a perna esquerda por sobre o peitoril e fiquei sentado lado a lado com Regina, os pés apenas recostados no concreto pelos calcanhares, sem poder contar com uma saliência, um ponto de apoio para as pernas. Eu tinha uma desvantagem, que era de não conhecer Regina nem saber o que a levara a cogitar o suicídio.
A sedução do abismo (conto). Parte 1: Uma executiva na janela
JOSÉ CARLOS FINEIS - "Então vamos fazer assim. Em vez de eu falar sobre mim, você fala. Mas pelo amor de Deus, não quero ouvir essas máximas idiotas que as pessoas publicam nas redes sociais. Você tem até as seis para dizer tudo o que puder para me fazer mudar de ideia. Eu prometo ouvi-lo e considerá-lo. Antes disso não vou pular, a menos que algum idiota tente me tirar à força daqui."
A felicidade possível passou por aqui (conto). Parte 2 (final)
JOSÉ CARLOS FINEIS - A deserção de Bebeto não ocorreu do dia para a noite. Os sinais de que ele não estava disposto a assumir o casamento estavam presentes desde os primeiros dias. Mesmo assim, a maneira como pulou fora surpreendeu muitas pessoas – Paula, inclusive –, à vista das quais ele amava a esposa,... Continuar Lendo →
A felicidade possível passou por aqui (conto). Parte 1
JOSÉ CARLOS FINEIS - “Quanto tempo é preciso conviver com uma pessoa para decifrá-la apenas com o olhar?” – ela se perguntava, sentada à mesa da cafeteria, a face apoiada em uma das mãos, enquanto Bebeto guardava o iPhone na mochila e a colocava numa cadeira. Havia poucos instantes que ele chegara, caminhando apressado pelo... Continuar Lendo →
O sonho emprestado (conto). Parte 3 (final): Até onde minha música chegar, você estará comigo e será parte dela
JOSÉ CARLOS FINEIS - No dia seguinte, logo cedo, Quim procurou os pais de Clara no bar onde trabalhavam e teve com eles uma conversa confusa, entrecortada pelo atendimento aos clientes. Não que eles não entendessem o idioma. Não entendiam exatamente o que esse tal de Francisco queria com a filha deles. Quim gaguejou várias... Continuar Lendo →
O sonho emprestado (conto). Parte 2: O triste refúgio à prova de vida de Francisco, o solitário
JOSÉ CARLOS FINEIS - Francisco não era infeliz com a vida que escolhera para si. Ao menos, não antes de o som da flauta virar seu mundo de ponta-cabeça. Pelo contrário. Era lá, em seu bunker superprotegido por grades, cadeados, correntes, vidros blindados, câmeras e sistemas de alarme com sensor de presença que ele se... Continuar Lendo →
O sonho emprestado (conto). Parte 1: Sobre homens, flautas e parafusos
JOSÉ CARLOS FINEIS - É curioso notar como detalhes insignificantes, coisas aparentemente sem importância, podem ter grandes repercussões para indivíduos, países e até para a humanidade. Sabe aquele parafuso que o mecânico esquece de apertar ao recolocar a tampa da caixa de não sei o quê na fuselagem do avião, antes de liberá-lo para o... Continuar Lendo →
A vida é curta demais para não ler poesia
JOSÉ CARLOS FINEIS – Este blog nasceu com a proposta de abordar assuntos variados, sem um foco muito definido, com um pé em comportamento, outro em comunicação, outro nas artes e outro em sociedade – ou seja, seria um blog multidisciplinar com no mínimo quatro pés ou patas, assim como uma mesa ou um cavalo.... Continuar Lendo →
A caça ao monstro (conto). Parte 2 (final): Nunca use uma arma sem estar pronto para morrer também
JOSÉ CARLOS FINEIS - Depois do suicídio do velho Ezequiel, nós todos da aldeia nos esforçamos por pensar mais no trabalho e menos na tragédia, até porque não se pode deixar as criações e a lavoura ao deus-dará. Nem bem o velho baixou à cova, cada qual retomou sua rotina, que só foi alterada no... Continuar Lendo →
A caça ao monstro (conto). Parte 1: Se tiver de matar, nunca olhe nos olhos
JOSÉ CARLOS FINEIS - Se de tudo o que eu tenho a contar o leitor aprender somente o que vou dizer nestas primeiras linhas, já terá lhe valido em muito, e a mim também, segundo creio, porque tenho esperança de que o falar e o alertar a todos que estejam ao meu alcance possa redimir,... Continuar Lendo →